quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Caça Palavras



Caça Palavras

O sujeito atirou na direção de uma palavra que andava sozinha
Acertou em cheio
E ela ficou toda despedaçada em sílabas

Ele correu para pegá-la do chão
Juntou-a em sua mão
E ela, anagrama que fora, mudou sua significação

Agora ele já não a mais queria
Jogou-a na grama
Deixou-a no chão

Disso em diante, só pegava palavras à mão


Rafael C. Nemer



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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Coelhos e Cartolas

Poesia é ilusão.
É qualquer coisa que é o que não é.
É mais do que deveria ser.
E não é só palavra:
É um cheiro de esperança numa manhã;
É uma chave que tem som de “tchau”;
É uma janela transbordando lua;
É uma mão segurando a tua.

Ilusão nem sempre é ruim:
Pergunte a uma criança que viu da cartola brotar um coelho.
Não é só uma cartola? Não é só um coelho?

“Mas poesia às vezes rima!”, diria uma criança, sábia.
Que seja! Tire, então, da cartola, uma vitrola; ou, do joelho, um coelho.

Iludi-vos? Emocionei-vos?
Pois saibam que não fiz truque algum:
Só vos dei uma cartola e um coelho.


Rafael C. Nemer

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Atemporalidade



- Tornar-me-ei atemporal.
- Quando?
- Ontem.
...
- E como o fará?
- Não sendo como o homem, que anseia pelo futuro brilhante, mas como o relógio, que ganha todos os presentes; não por se despreocupar com o que será, mas por ser, de fato, o que está.


Rafael C. Nemer