quarta-feira, 5 de março de 2014

A Problemática Fraternal do Cimento



A Problemática Fraternal do Cimento

Cimento é muralha feita por homem
Pra natureza não entrar.

A chuva cai no asfalto e sente dor.
Fica perdida e quer voltar,
Transformando-se em vapor.

O ovo que despenca de um ninho,
No caminho, já sente o acabar:
Se caísse na terra, talvez pudesse voar.

O vento sorri e tromba com a parede.
Deixa cair todos os perfumes que havia juntado.

A lagartixa inocente perdeu o rabo
Num baque de vassoura assustado.

O homem faz cimento e finge que é bonito
Delimitar seu quadrado de vida.
Divida, homem. É sua dívida de vida.

E fica uma pequena reflexão sobre um cachorro atropelado:
Será que era pra ser asfalto?
Quem deveria estar lá:
A calma do bicho
Ou a pressa do carro?


Rafael C. Nemer


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário