A Palavra que eu Inventei
Uma vez, inventei uma palavra para descrever essa
nuvem negra que você carrega logo acima da sua cabeça.
Não me lembro dela agora, mas sei que era uma
mistura de tempestade, guarda-chuva, depressão, café e pizza de chocolate.
Devia ter umas trinta e quatro sílabas.
Não era proparoxítona, nem paroxítona e nem oxítona.
Tinha três acentos (^, ´e ~) e um cê-cedilha.
Era uma pobre palavra triste que não rimava com
nada.
Eu que fiz.
Tentei usá-la algumas vezes, a fim de ver se alguém
entenderia:
O carteiro se sentiu ofendido e a moça da locadora
de vídeo me trouxe um filme cult.
Esse é o problema das palavras: elas têm vida e são
livres. Quando querem, se escapam, se infiltram, se somem e não há poeta que as
encontre.
Um homem até chegou a criar um viveiro, uma jaula
para prendê-las. É o que conhecemos por “dicionário”, mas isso é uma outra
história.
Por hora, fiquemos com sua nuvem, que é uma mistura
de nós, tal qual também me fugia:
Nostalgia.
Rafael C. Nemer
E o que dizer para as palavras?
ResponderExcluirQue pra cada um tem um sabor. Como aquela fruta mordida vinda de alguma canção? Como aquele café expresso de toda manhã?
Cada um as descreve conforme o paladar.
Cada um tem um tom, um som, um jeito de desenhar.
Essa nuvem na minha cabeça, vêm germinando ideias para a primavera que virá.
Vou chovendo até me encher de algo e me transbordar.
Gostei, Tatiane! É um bom jeito de mostrar a necessidade de criar. Obrigado pela contribuição!
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